6.4.06

Pomba-Gira, mulher do Cão

Sou um cão, sem origem nem destino.
Um vira-lata clandestino,
pois assim suncê me trata.
Não fosse teus olhos de cigana e teu jeito inocente,
talvez não me sentisse assim, tão diferente.

Recorrendo à astrologia dos horóscopos de revista,
percorrendo as esquinas com a alquimia dos despachos,
enfeitiçando inutilmente uma bruxa endiabrada,
Pomba-Gira, mulher do cão,
com sua terrível gargalhada.

Mas ainda resta a mim
um pingo de defesa:
meu olhar, que ao mesmo tempo,
é orgulho e armadura,
amparo, escudo,
dragão, espada.

É o que resta do passado
a alguém que perdeu tudo,
que não pensa no futuro
pois não quer perder mais nada.

E essa arma, sob a lua,
desarma tua magia -
talvez seja a companhia
de um tal de Tranca-Rua.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Conheço vc e vc não me conhece...
Reverencio quem estava a seu lado e lhe deu intuição para escrever tal poema, mas saúdo vc que teve a sensibilidade de captar essa energia e nos brindar com tão linda homenagem à duas entidades maravilhosas!!!
AXÉ!...AXÉ!...AXÉ!...

9:01 PM  

Postar um comentário

<< Home