3.10.12

Tragédia Fawcettiana


Às vezes eu me sinto estranho, quase como se estivesse enlouquecendo. Fumo um cigarro e me torno introspectivo. Sem saber como lidar com as pessoas - o que falar, como reagir... Porque as ações estão todas condicionadas; nós já sabemos o que o outro vai dizer e apenas aguardamos a resposta para fazermos aquilo que ele espera de nós. Tudo é previsível na mizencéne do cotidiano. Nada é espontâneo, embora deva parecer espontâneo. Interessante. Surpreendente. A cada encontro, uma nova descoberta.

Vivemos o teatro da vida a cada dia, e tudo que eu preciso fazer é escrever qualquer merda de vez em quando para sentir minha cabeça se elevando sobre o rebanho em movimento. Sou gado como todo o resto, mas pelo menos meu chifre imaginário está mais próximo do céu. Ou o que quer que isso queira dizer.

Daí jogo uma frase de efeito e sorrio para a gostosa na canga do lado. O sol faz ferver o verde dos meus olhos que andava opaco – fruto de uma sucessão de noites mal dormidas –, e eu me transformo no herói de um espetáculo que não existe. Ou melhor, de uma tragédia alucinante. Daqui a poucos minutos, vou por meus fones de ouvido e sair por aí trotando feito um espartano, pela ciclovia da orla. Como se eu estivesse a caminho de mais uma batalha contra o império, enquanto na verdade tudo que eu quero é ficar gostosinho pra próxima novela. Eu sei, parece palhaçada, mas o pior é que é verdade. Minha vida virou um besteirol de 5a categoria, e escrever nesse blog (que anda meio abandonado) ainda é o que me faz rir por dentro.

Então quer saber? Que se foda. Já que nessa pecinha patética eu sou coautor, produtor executivo e protagonista, aqui vai um pouco do meu improviso: uma banana para os artistas de plástico que se sentem iluminados só porque fizeram luzes no cabelo; uma banana com aveia para os ex-artistas integrais, que se plastificaram, acomodados com a fama e com o dinheiro; uma banana com rum para Domingos de Oliveira, que - mesmo se arrastando - louvavelmente emenda um projeto no outro (pena que todos eles são um porre). E um caralho cheio de veia para as patricinhas frígidas e marrentas desse Rio de Janeiro cheio de mentiras fantasiosas que pulsa nas frequências televisivas, radiofônicas e cibernéticas do nosso Brasil inocente.

Esse é o meu groove. Um rap meio filosófico, por ora pesado demais, desnecessariamente agressivo e um tanto sensacionalista... Desculpem, mas é meu groove. E se grooveia, é porque sai do coração.

Salve Fausto Fawcett!
 

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Confundir as pessoas é fácil, difícil é entender a intenção de seu ato...
Utilizar palavras que normalmente você não utiliza, só indica que quer impressionar...
Não a outra pessoa, mas a si, provando que é capaz...
De mostrar seu eu, que bobagem...
Você jamais admitirá o seu erro...
Tal pouco dirá coisas eu preciso, ainda assim paro para escutar...
O silêncio entre as palavras proferidas por você...
Verdadeiramente, deixa transparecer quem é ou não...
Com um sorriso nos lábios deixo você...
Com a esperança que seja feliz...
Lembre-se: um sorriso sincero dispensa palavras...
E mostra a alma...
Dulcy!

3:57 AM  
Anonymous Anônimo said...

Sua criatividade...
Um poder ilimitado, por vezes:
Másculo, sensível...
Mentiroso, verdadeiro...
Tímido e obsceno...
Transforma seus sentimentos em prol do bem comum e mundano...
Mostra que você não é uma mera cópia...
Mas para si, e não para os outros...
O amor e o ódio caminham juntos a beira do precipício da vida...
Seja uma mão que empurra...
Um ombro amigo...
Um mero espectador...
Que dá audiência para qualquer tolice...
Escreva em um bloquinho, caderno ou computador...
Poesias da alma...
Brincando com o sentimento alheio e com o seu...
Contempla e acolhe...
Reunindo todos os fragmentos do coração e da alma...
Em um exemplar maravilhoso...
Um livro cujo autor é você e não poderia ser outro...
Dulcy!

4:32 AM  

Postar um comentário

<< Home