27.2.14

Insanidade Virtual


Bom, eu agora me rendi a essa coisa de insta-grão. Parece que é uma necessidade virtual dos dias de hoje, principalmente para artistas e/ou celebridades como supostamente eu deveria ser. Mas acho que não sou nem muito um nem muito o outro. Ou talvez eu seja um pouco dos dois e muito de outras coisas. Não é que eu não saiba exatamente quem eu sou, na verdade eu tenho muitas pistas. Mas é que não consigo me encaixar dentro dos rótulos que foram criados por aí. Talvez eu precise criar um rótulo tipicamente meu, só meu. Sei lá. Isso aqui é pura viagem, só pra você saber.

Talvez o insta-grão e o feicebuque nada mais sejam do que inúmeros mini-rótulos - semanais, diários ou simplesmente consecutivos - que nós fazemos de nós mesmos para tentar nos vender arbitrariamente. Pensa só: você retrata uma imagem sua com alguém que lhe agregue valor - ou alguma coisa, e/ou em algum lugar -, adiciona um slogan cool do momento e pá! Você posta! E fica embasbacado com o número de gente que você nem conhece que está olhando para um telefone naquele exato momento e curtindo o que você acabou de postar. Parece que você cresce um pouco a cada curtida, a cada comentário. Seus seguidores se multiplicam feito Gremlins... Sem dúvida, uma bela armadilha para os nossos egos já machucados, que precisam de um carinho especial.

Até que você percebe que é mais um Gremlin desperdiçando o próprio tempo com uma porra de um Iphone. Sua vida é uma montanha de areia que escorre pelo buraco feito uma cachoeira, numa espécie de ampulheta surreal. Sua beleza está se esvaindo gradativamente. Você precisa aproveitar o momento, mas tem uma certa preguiça das pessoas. É que é muita gente, né gente?

Hoje em dia tá cada vez mais difícil fugir para o campo ou para uma praia deserta – a vida é muito corrida -, então em vez da natureza, a gente se conecta com o virtual mesmo. Com algo simbólico e distante, que aparente ser interessante o suficiente e que te dê margem para inventar o que você quiser. Inclusive você mesmo. Você escolhe o que quer mostrar para as pessoas e cria um perfil repleto de imagens que refletem a forma como você gostaria de ser. E o mais louco de tudo isso é que ainda tem umas pessoas que criam fakes a partir das imagens de outras pessoas. De pessoas famosas. Pessoas grandes.

Se Jesus Cristo tivesse Insta-grão estimo que ele teria aproximadamente 2 bilhões de seguidores ou mais. Gente para caralho. O que ia ser de proposta de fazer merchandising... Ia ser sinistro negar a porra toda. Ia dar merda. Ia ter mais mulher querendo dar pra ele do que pro Caio Castro e pro Brad Pitt juntas. Ia ser sinistro negar a porra toda. Ia dar merda. Eu sei que eu já disse isso, mas pensa só. Ia ser sinistro.

Para finalizar, Jamiroquai pra vocês:

Futuros feitos de insanidade virtual,
Agora e sempre parecem ser governados por este amor inútil que nós temos
Que não serve pra nada, chacoalhando na nova tecnologia.
Oh, não há som para quem vive underground!

Agora essa vida que nós vivemos
É tão errada!
Grite para fora da janela.
Você sabe que não há nada pior do que um homem que se fez homem?
Ainda não há nada pior do que um homem insensato.

Ei.
Insanidade virtual é essa que estamos vivendo.